Brasil-em-progresso

É simples: porque essa não é nossa prioridade. Não desenvolvemos a responsabilidade pela nossa nação. Cada um se sente obrigado com a sua própria educação, o seu negócio, o seu lucro. Nós nunca criamos o senso do público como pertencente a todos. Vivemos em estado de adoração aos países nos quais os cidadãos possuem um bem-estar elevado. A nós nos sobra lamentos, desacreditaçāo e autopiedade.

Não poderíamos estar em um cenário diferente. É cultural. O “jeitinho brasileiro” um vírus que nos infectou há muitos anos, exaltado por muitos estrangeiros e, para alguns brasileiros, motivo de orgulho. A cultura brasileira é muito calorosa; somos sorridentes, felizes e “supercool”. Mas em se tratando de cidadania, ainda somos ingênuos e imaturos.

A corrupção está enraizada em nós. Cada vez que um médico da rede pública cobra propina para atender seus pacientes, ou que requisitamos algum auxilio sem precisá-lo, ou até quando recebemos a mais de troco e não devolvemos a diferença. Parece extremo, não? Mas é verdade. Perpetuamos tais atitudes e já as consideramos insignificantes e corriqueiras.

As pessoas continuam com a mesma mentalidade de 1985, daqueles que pela primeira vez experimentavam a democracia. Nós, jovens, não temos menor interesse por politica, e mesmo quando queremos contestar essa afirmação clichê, nos encontramos sem muitos argumentos. Aqueles que saem da inércia, não ousam; ainda somos muito acomodados e desiludidos. Tudo nos soa falso, as propostas nos parecem irreais e utópicas, quando não cômicas; para nós, políticos são todos corruptos; e mesmo assim, são poucos os que põe a cara a tapa, talvez por medo de fazer parte da mesma corja, talvez falta de folego e de força vontade.

Hoje, percebo o quanto estamos desinteressados e preguiçosos. Levantamos a bandeira de um determinado meio de comunicação ou candidato sem avaliar seu histórico e seus projetos. Hoje, a cinco dias das eleições, foi a primeira vez que procurei saber um pouco mais sobre as propostas dos candidatos.

Como mudar o Brasil? A resposta também é simples: mudando essa mentalidade, mudando esse aspecto da nossa cultura, nos tornando mais presentes e responsáveis um pelo outro sem querer tirar proveito de todas as situações, e principalmente não aceitando o comportamento dos corruptos nem sendo influenciado por ele. Não esperando um salvador da pátria, pai/mãe de todos, mas sendo nós mesmo os agentes da mudança.

É com o tempo que os comportamentos mudam, já dizia o ditado: “old habits die hard”; mas gosto de acreditar que é possível, gosto de pensar que para nós, o ser humano é mais importante que dinheiro… Enfim, por mais pessimista que seja o texto, eu gosto de acreditar na humanidade, e reconheço que além dessas palavras, são necessárias mais ações. E por mais acomodada que eu esteja, não pretendo ser alheia ao mundo.

Minhas considerações podem estar equivocadas, banhadas a senso comum e serem reprodução de outros discursos, mas não deixa de ser uma maneira de me expressar. Não estou em posição de formar opiniões, muito menos de ditar tendências. Esse texto é apenas de uma reflexão que tive e desejei compartilhar. Peace.and.love.!